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Balestreri detalha venda de frigorífico para JBS




Compra teve um valor total de R$ 235 milhões
A Adelle Indústria de Alimentos, processadora de carne suína,
situada em Seberi, foi vendida para a Seara Alimentos,
 a qual pertence ao grupo JBS. O anúncio ocorreu no anoitecer
 de sexta-feira, 26, e envolve cifras milionárias, sendo um
valor total de R$ 235 milhões.  De acordo com nota oficial
 divulgada pela empresa, a transação resultou em uma
 permuta de ativos, incluindo abatedouro de suínos e
fábrica de industrialização.
Como forma de pagamento, a JBS entregará à Adelle o
Frigorífico Frederico, localizado em Frederico Westphalen,
 abatendo R$ 80 milhões do valor da transação.
Ainda, segundo o comunicado pela empresa, R$ 115 milhões
 se referem a dívidas da Adelle que serão assumidas pela JBS. 
Outros R$ 40 milhões serão pagos em moeda corrente.
No entanto, para que o negócio ocorra, de fato, ainda é necessário
um parecer favorável Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade).
 – A negociação já foi feita, mas dependemos da aprovação do
 órgão fiscalizador. Existe um pré-contrato e cada empresa está
 tratando de se organizar e, após a aprovação do Cade, faremos
a vistoria em Frederico Westphalen, e a JBS fará a vistoria em
 Seberi – destacou o presidente da Adelle, Leonir Balestreri.
Ainda, durante coletiva de imprensa realizada na manhã de terça-feira,
 30, no auditório da empresa, Balestreri pontuou os erros cometidos
 para que o negócio não prosperasse da maneira que ele havia planejado.
– Foram várias falhas. Construímos o frigorífico quando o negócio
estava bom, demoramos três anos, e começou a crise. Então,
 é básico: você não começa um negócio quando está bom. Conhecendo
 hoje, após o sofrimento que passamos, não começaria um frigorífico
 para ficar pronto daqui dois ou três anos – complementou.
O frigorífico de Seberi, construído em 2015, “deixa” 980 empregos.
 A Adelle comporta atualmente 170 integrados, sendo que destes, aproximadamente 100 envolveram novas construções que foram
 implantadas na região, segundo o divulgado pela empresa.
– Com essa negociação, a casa fica em ordem. Os integrados passam
 a receber em dia, nós vamos conseguir cumprir os compromissos e
 isso passa uma tranquilidade tanto para integrados quando para os
 funcionários. Traumático será apenas para os sócios que perderam
dinheiro aqui, mas o compromisso que assumimos, cumprimos com
 sobra – destacou o diretor da Adelle, Carlos Fávero.  

O que foi dito pelo presidente da Adelle, Leonir Balestreri, durante
 entrevista coletiva:

Como ficam as dívidas da Adelle com os integrados?

Isso é responsabilidade da Adelle, mas eu queria registrar que
esse passivo está sendo acertado, justamente com a venda do frigorífico. 

Como vai ser a matriz produtiva em FW?

A ideia é que se produza o mesmo que se produz em Seberi,
quem sabe menos o presunto. O modelo de Frederico Westphalen é
quase igual ao que trabalhamos, o que altera é que teremos uma
parcela de suínos próprios, e outra parcela teremos que ir
no mercado buscar. Se tivermos suínos na região, iremos abater bastante.
 Se forem suínos apenas nossos, iremos abater menos e geraremos menos emprego.
No entanto, infelizmente há um contrassenso: o próprio governo dá
 desconto para quem leva suíno para São Paulo, o que resulta em menos
 abates e menos emprego na região.  

No auge da crise, qual era o déficit mensal do frigorífico?

Tivemos meses que perdemos R$ 5 milhões. O endividamento alto
ocasiona juros altos. Pegamos três anos muito ruins de mercado,
o qual lutávamos contra o prejuízo.
Foram quatro fatores que influenciaram para isso: construímos
na hora errada, fizemos um frigorífico duas vezes maior do que o
planejamos, tivemos uma crise terrível e a greve dos caminhoneiros.
E ainda tem outra situação que influenciou: ficamos muito tempo sem
exportar para Rússia, e construímos um frigorífico para exportar para lá.

Por que vender agora que o mercado está mudando?
O endividamento é muito alto e já estava comprometendo o patrimônio
 total de todos os sócios. Colocamos todas as nossa garantias que
 tínhamos aqui dentro da empresa, até mesmo nossas casas e economias.
E também uma coisa: você tem que vender quando tem comprador.

Qual o seu sentimento ao sair desse projeto?
Chegamos em um momento da vida em que não pensamos mais
 em dinheiro. Todo o dia acordamos com um novo desafio. Agora,
se eu disser para vocês que eu saio com a mesma vontade, eu estarei
mentindo. É um dos poucos projetos que deu errado na minha vida.
 Eu saio bem derrubado, com a autoestima baixa, mas com a
 consciência tranquila, porque o que prometemos com a comunidade
foi feito, e a intenção era essa: gerar emprego.
É importante constar que nunca deixamos atrasar impostos e folha
de pagamento. Em alguns meses, tiramos dinheiro da poupança
para fazer o pagamento.

Os negócios poderiam ser diferentes?
Eu queria deixar registrado que a falta do nosso professor foi muito grande.
 Se o Mariotti (empresário Darci Mariotti, faleceu em 2014, vítima de
 um câncer no pâncreas) estivesse vivo, ele seria o contraponto para irmos
 mais devagar. A falta dos conselhos e da experiência dele foi um problema
muito sério. Ele tinha 60 anos de frigorífico e era uma pessoa apaixonada
pela região. Se ele estivesse com saúde, o resultado, quem sabe, seria
diferente.

 

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