Especialista realizou cirurgia no HBB, em homem que foi ferido por golpe de facão.
Giuseppe De Luca Jr. (e) ao lado do paciente, na manhã de sexta, antes de o recém-operado ir para casa
Crédito da foto: divulgação |
Lajeado - João (nome fictício) se desentendeu com um conhecido e, na briga, sofreu um golpe de facão no punho esquerdo. Com a mão presa ao restante do braço apenas pela pele, foi internado no hospital da sua região, no noroeste do Estado.
Antes que o membro fosse amputado, médicos daquela casa de saúde contataram um cirurgião que atua em Lajeado e fizeram o encaminhamento do paciente.
Embora o nome seja fictício, para preservar a vítima, o caso é real, e ocorreu esta semana. O homem foi ferido por volta das 17h30min de segunda-feira (3), e encaminhado para o Hospital Bruno Born (HBB) para a cirurgia - chegou a Lajeado por volta das 3h de terça.
Em um procedimento delicado, que se iniciou às 4h, o paciente teve os vasos da mão reconstruídos, os nervos suturados, e o punho estabilizado com fios metálicos. Foi assim que o médico Giuseppe De Luca Jr conseguiu salvar a mão esquerda do homem de 50 anos.
"Ele foi atendido por um cirurgião geral e um traumato na sua região, e havia possibilidade de amputação. Como já fiz a cirurgia de um dos médicos de lá, me contataram pra saber se eu poderia atendê-lo aqui em Lajeado. Fiz contato com o HBB, falei sobre os riscos da viagem (cerca de 350 km) e que a mão poderia ser amputada se demorasse muito."
Formação
Único cirurgião de mão de Lajeado, Giuseppe De Luca Jr. tem especialização específica para tratar esse tipo de trauma, considerado raro. "Não é uma formação nova, mas tem poucos profissionais em centros menores. E esse tipo de trauma é bem raro. Em três anos, é a primeira vez que realizo um desse tipo no HBB."
Em geral, esse tipo de trauma é causado por arma branca ou acidente automobilístico. "Sempre que é por arma branca, o prognóstico é melhor, porque é corte, não esmagamento. Aqui na região, nas indústrias, acontecem casos com esmagamentos. Já vi situações que não puderam evitar a amputação por isso. Mas com corte de facão, não tinha visto ainda."
Como funciona
Foram cerca de cinco horas de uma cirurgia que não é oferecida pelo SUS na região. Quando o paciente chegou, a mão não tinha mais sensibilidade, e os dedos estavam começando a ficar roxos pela falta de circulação sanguínea. Além dos vasos e artérias, o facão rompeu nervos, tendões e ossos da região do punho.
"Foi feita a revascularização, suturamos as lesões dos nervos e estabilizamos o punho com fios metálicos", conta. A cirurgia foi possível porque o HBB possui fios especiais para esse tipo de procedimento, material que também não é oferecido pelo SUS, já que a casa de saúde não é referência em Alta Complexidade.
"A principal dificuldade nesses casos é ser uma microcirurgia. É preciso usar microscópio ou lupas e ter um treinamento especial para suturar vasos de pequeno calibre. A vantagem do cirurgião de mão é ter treinamento para todas as intervenções necessárias no nível da mão. Se um hospital não tem um profissional como esse, nessa situação, geralmente se amputa."
O paciente recebeu alta nesta sexta-feira (7), após passar bem as primeiras 48 horas - 70% do risco de amputação pós-cirurgia é nos primeiros dois dias. Quando foi liberado, o sangue já havia voltado a circular normalmente pelos dedos. Se tudo correr bem, em um mês ele deve passar por uma nova cirurgia, para sutura dos tendões e reconstrução óssea do punho.
"Queremos que a mão fique o mais normal possível, que possa voltar a ter funcionalidades, mesmo com algumas limitações. Após todos os procedimentos e a reabilitação correta, ele deve conseguir voltar a escrever, segurar os objetos, fazer as tarefas do dia a dia."
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